sábado, 6 de julho de 2013

Desnudo

Desnudo-me agora,
senhora.
Devora-me as cordas
vocais!
Em muitos quintais,
inconsútil,
Revelo meu canto
inútil.
Degusta-me assim
pelo ar,
Deixando embrenhar-se
no ouvido
Palavras e sons,
sentidos,
Que estourem num outro
lugar.
Deslizo-me lento
e afável
Domando meus erros
em versos.
Lascivo, possesso,
Inefável.
E abraso teu corpo
imerso.

Joedson Silva
Petrolina, 05 de julho de 2013.
*Texto criado para abertura da intervenção musical "Desnudo", realizada durante o projeto Poesia no Quintal de Ana, do Sesc Petrolina e posteriormente transformado em música, com arranjo de Moésio Belfort. No mesmo ano, a música ficou classificada entre as 24 músicas selecionadas para concorrer no Festival Edésio Santos da Canção, na cidade de Juazeiro-BA.

sábado, 20 de abril de 2013

VELHAS NOVAS PAIXÕES...

Gosto do Augusto... um gosto...
Gosto dos seus Versos... Íntimos...
Gosto, porque gosto... dos Anjos!
Diferente dos meus versos... ínfimos.

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Versos Íntimos (Augusto dos Anjos)

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"